quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SETE

O carteiro do meu prédio é um sujeito muito revoltado. Ele vem entregar as cartas pensando: "Cambada de filho da puta, que não usa débito automático e recebe correspondência a essa altura do campeonato. Não conhecem a internet, porra?"
Coitadinho, o cara pensou que fosse poder curtir o emprego público dele em paz. Mas não! Tem que colocar aquela roupinha, subir ladeira e fazer a entrega. Ele nem se dá ao trabalho de passar o pacote, amarrado com um barbante, por baixo do portão. Deixa do lado de fora do prédio mesmo. Literalmente na calçada e de preferência na chuva.
Outro dia, eu vi. Uma vizinha recebeu um cartão postal. Sabe aquela parada retangular, com uma foto de um lado, espaço pra um selo e o endereço do destinatário no outro? Com três linhas aonde as pessoas escrevem assim: "Nova York é o máximo! Estamos nos divertindo muito sem você! Morra de inveja, beijos!" Juro por Deus. Nesse dia o carteiro deve ter se desesperado. Até eu me assustei.
Antigamente, a gente ia passar uma semana na Disney pela Grantur, mesmo assim comprava um monte de cartão, escrevia três linhas e saía mandando pra galera. Hoje em dia, ainda bem que existe o Orkut. A pessoa pega a pouca grana que tem, paga uma fortuna num cyber, descarrega as 384 fotos da máquina e pronto. Já resolveu o problema do exibicionismo. Como time is money, não dá tempo de selecionar as fotos e a pessoa nem sabe direito o que está enviando. O que é ótimo. Orkut de mais de 300 fotos, Sylvia recomenda. Sempre tem alguma merda que passou despercebida.

Para não dizer que não falei de flores, nem de nenhuma futilidade, já perdi 2.400 dos 5 quilos que pretendo emagrecer. Por causa disso, achei que podia usar uma calça skinny numa pré estréia que fui. No maldito cinema, tinha um espelho enorme e eu aproveitei pra fazer o que devia ter feito em casa. Olhar pra trás. Jesus! A minha bunda estava enorme naquela calça. Quase morri de vergonha. Pensei seriamente em ir pra casa. Mas eu queria ver o filme, então me encostei na parede mais próxima enquanto não começava a sessão. Depois do filme tinha uma festa que eu não sabia. Bateu aquela dúvida terrível... Será que eu vou? Com essa bunda enorme? Aí me lembrei, que graças à Deus a gente sempre pode contar com a cafonice do brasileiro nessas horas. Portanto, eu não ia ferir o senso estético de ninguém além do meu.