segunda-feira, 13 de julho de 2009

QUATRO

Me sinto um anti Peter Pan. Por fora, essa impulsividade, jovialidade. Esse não sei o quê, que leva todo mundo a me tratar como criança, a não confiar tarefas sérias a mim. A não me levar à sério. Por me faltar a postura adulta, o scarpin, a pantalona de crepe (ave!).
Mas eu, aqui com meu bico, minha birra, jujubas e pulinhos no meu vestido de bolinhas, com meu All Star azul, porque moro em Laranjeiras e adoro um clichê. Eu que choro porque acabou o iogurte (na tpm vale tudo), me sinto velhíssima.
Uma senhora idosa cansada das pessoas, com muita preguiça. Se por fora devoro jujubas, por dentro a idade é dobrada. O maior sinal da idade, vem quando morro de rir com o último Indiana Jones, o velho com medo de cobra. Rio sozinha enquanto me olham estupefatos. Meu avó também ria de coisas bobas, coisas que só crianças e velhos riam. Coisas que adultos não acham graça.
Pois eu, a senhora velhíssima que sou, pensava morar em Londres. Dizia: "Sylvia, você vai aprender a ser sábia na Europa". Ir a um lugar aonde ninguém me conheça e eu não conheça ninguém. Trabalhar de garçonete, cantar bossa nova desafinada, morar sozinha num apartamentinho e só. Aqui eu cansei. Porque mudo de ideia toda hora e enquanto fazia meus planos, sonhava com passárgada, você apareceu.
Já queria trabalhar numa livraria, terminar a faculdade, que entrei depois de velha, ter uma estabilidade pagar um aluguel, dividir as despesas. Enfrentar o Rio, ser artista no Rio junto com você. Até ter um filho. Novos sonhos, mas paciência tudo em troca de um amor. Ser herói por um dia. Viva o David Bowie. Mas você foi embora e tudo acabou, o sonho, os Beatles, o equilíbrio.
Senhoras e senhores voltei! Serei junkie, beberei, cairei e assim como Sylvia, a Plath. Devorarei os homens como o ar.